Algumas pessoas pensam que, se meditarem por quinze minutos a cada dia, deverão se iluminar em uma semana e meia. Mas as coisas não funcionam assim. Mesmo se você meditar, rezar e contemplar durante uma hora por dia, isso representa uma hora em que você medita contra 23 em que não medita. Quais seriam as chances de uma pessoa contra 23 em um cabo-de-guerra? Um puxa para um lado e 23 para o outro — quem vai ganhar?
Não é possível mudar a mente com uma hora de meditação diária. Você tem que prestar atenção a seu processo espiritual ao longo de todo o dia, enquanto trabalha, joga, dorme; a mente precisa estar sempre se direcionando para a meta final da iluminação.
Quando você estiver imerso nas coisas do mundo, conserve sua mente naquilo que está fazendo. Se estiver escrevendo, mantenha a mente no tracejar da caneta. Se estiver costurando, concentre a mente em cada ponto. Não se deixe distrair. Não pense em cem coisas ao mesmo tempo. Não fique viajando no que aconteceu ontem ou no que pode acontecer no futuro.
Não importa tanto o que você esteja fazendo, desde que concentre a mente e fique com aquilo que se propõe a fazer. Permaneça junto da tarefa, procurando estar confortável em relação ao que está fazendo e, desse modo, você treinará a mente.
Sempre se observe de forma minuciosa, reduza os pensamentos, palavras e comportamentos negativos, e aumente aqueles que são positivos. Pense com cuidado e constantemente refaça seu foco, pois você pode ficar com a mente nublada com muita facilidade. O que a meditação produz é um constante ajuste do foco. Você tem que trazer de volta a intenção pura, vez após vez. E então, relaxe a mente para permitir um reconhecimento direto e sutil daquilo que está além de todo o pensamento.
Chagdud Tulku Rinpoche (Tibete, 1930 – Brasil, 2002)
“Portões da Prática Budista“, parte 2
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