6.28.2011

haikai de inverno

vento lá fora
percebo memórias do sol
nas chamas da lareira.

6.17.2011

Aspirações

“At all times, again and again, we should make vast prayers for the sake of all beings.


When falling asleep, we should think, “May all beings achieve the absolute state”;

when waking up, “May all beings obtain the body of the Buddha”;

when putting on clothes, “May all beings have modesty and a sense of shame”;

when lighting a fire, “May all beings burn the wood of disturbing emotions”;

when eating, “May all beings eat the food of concentration”;

when opening a door, “May all beings open the door to the city of liberation”;

when going outside, “May I set out on the path to free all beings”;

when walking uphill, “May I go to free beings from the lower realms”;

when seeing happiness, “May all beings achieve the happiness of Buddhahood”

when seeing suffering, “May the suffering of all beings be pacified.”



—Khyentse Rinpoche

6.03.2011

Motivação Pura

Às vezes, muitas pessoas pensam que não estão prontas para uma prática espiritual. Isso é um erro. Para nos engajarmos em uma prática espiritual, não precisamos fazer nada de tão espiritual, de tão diferente.




O que nós basicamente buscamos com a prática espiritual é melhorar as nossas experiências e, principalmente, buscar alívio para as nossas dificuldades. Como seres humanos, passamos por quatro grandes sofrimentos.



O primeiro é o sofrimento do nascimento. Apesar de nós não lembrarmos, o momento do nascimento é um momento de grande sofrimento, tanto para a mãe como para a criança. Depois nós crescemos, nos tornamos adultos, envelhecemos ― e sofremos com as dificuldades da velhice ― (segundo grande sofrimento), sofremos com as dificuldades que as doenças trazem (terceiro grande sofrimento) e depois nós passamos pelo sofrimento da morte (quarto grande sofrimento). E é certo que, se nós nascemos, nós iremos morrer. Não sabemos o dia da nossa morte, nem qual será a causa dela, mas é certo que ela vai chegar.



Mas nós podemos transformar isso: podemos ter uma vida longa, nós podemos ter saúde, podemos ter uma vida melhor, podemos fazer com que a nossa vida futura possa ser melhor. E essa mudança nós só conseguimos fazer com a prática espiritual.



Você não precisa, para se engajar em uma prática espiritual, ir para um lugar especial, mudar a sua roupa, abandonar a sua vida. Não há nada de novo que precisemos fazer. Prática espiritual significa simplesmente mudar a nossa própria mente, significa interromper pensamentos negativos; significa ter pensamentos bons, pensamentos solícitos; significa usar a mente, a fala e o corpo para criar felicidade para o outro.



Se, por exemplo, não temos a capacidade de beneficiar todos os seres no momento, temos, porém, a capacidade de beneficiar aquelas pessoas à nossa volta ― aquelas pessoas próximas de nós, as pessoas da nossa família, os nossos amigos, as pessoas com as quais nos encontramos, com quem trabalhamos, etc.



Todos nós buscamos por felicidade. Por exemplo, podemos falar de uma maneira que vá ajudar o outro, que trará felicidade para o outro. Podemos agir de maneira a trazer felicidade para o outro. Tranformar a vida significa reduzir os pensamentos negativos, incrementar os nossos pensamentos positivos, e nós podemos fazer isso na relação com marido, esposa, filhos, pais e animais.



O simples fato de tirarmos uma formiga do chão e colocá-la em um lugar seguro é uma forma de ajuda, é uma ação positiva. A formiga é um inseto, um ser muito pequenininho, que, quando alguém caminha perto dela, sai correndo, tenta se salvar de ser esmagada, porque sabe que vai sofrer com isso. Caso não, não haveria sentido em querer sair correndo. Dar o que comer a um cachorro ou a um pássaro com fome, tirando, por exemplo, uma porção do nosso próprio alimento, é prática espiritual, caminho espiritual. Isso tudo são bons pensamentos, boas ações, e nós podemos fazer isso o tempo todo.



Não ganhamos absolutamente nada quando magoamos outra pessoa, por exemplo, alguém da nossa família, através de uma fala rude. Se falamos de uma maneira ríspida, magoamos uma outra pessoa, e não ganhamos nada com isso. Simplesmente vamos só conseguir magoar o outro e começar uma discussão.



Nós podemos ver, conseguimos ver esse lado negativo, conseguimos ver quando temos pensamentos negativos. E podemos transformar esses pensamentos, interrompê-los antes que eles se manifestem na fala, nas ações.



Nós possuímos qualidades como compaixão, paciência, e podemos incrementá-las e manifestá-las. Isso é a prática espiritual. É fazendo isso que conseguimos tranformar a nossa vida e torná-la melhor e que conseguimos beneficiar as pessoas à nossa volta. Se nós agirmos dessa maneira, nós trazemos uma boa energia para a nossa família, nós tornamos a nossa vida familiar melhor.



O propósito da prática espiritual é reconhecer o nosso lado negativo e as nossas qualidades, é reduzir o lado negativo e incrementar e trazer à tona as nossas qualidadades. É dessa maneira que nós conseguimos purificar todo o nosso carma negativo. E quanto mais diligente nós formos, é possível progredir na prática espiritual, passo a passo, até que cheguemos à realização de reconhecer e revelar nossa natureza absoluta. Os grandes fundadores das religiões nos deixaram métodos para isso.



Buda, por exemplo, nos deixou métodos. E se nós seguirmos esses métodos, estamos tomando uma direção positiva. Quanto mais diligente formos, mais rapidamente nossas qualidades se manifestam, mais rapidamente nós conseguimos purificar os nossos obscurecimentos. Dessa forma, mais rapidamente conseguimos ter melhores experiências. Quando conseguimos manifestar nossas qualidades constantemente, nos tornamos fonte de beneficio para todos aqueles que nos virem, nos tocarem e se lembrarem de nós, porque eles sentem essa energia positiva a sua volta. É dessa maneira que mudamos a direção da nossa mente.



Samsara e nirvana, céu e inferno não estão muito longe um do outro. Não é necessário uma grande mudança para você sair do inferno e ir para o céu, e vice-versa, para sair do samsara e ir para o nirvana. É simplesmente uma questão de onde estamos focando a mente, de qual direção tomamos.



Em uma história do zen budismo, um samurai chegou diante de um mestre zen e perguntou ao mestre: “Onde está o céu e onde está o inferno? O que é o céu e o que é o inferno?”. O mestre zen ouviu a pergunta, mas não respondeu. Ele continuou meditando, ele continuou focado, e o samurai perguntou novamente. O mestre zen não respondeu. E o samurai perguntou novamente… Em um dado momento, o samurai ficou com raiva porque ele não obtinha resposta do mestre e desembainhou a espada para matar o mestre zen.



Nesse momento, o mestre zen olhou para ele e falou: “Isso é o inferno”. Então o samurai tomou conta da raiva dele, da mente dele, e se acalmou, colocou a espada de volta, se curvou para o mestre zen para se desculpar, e o mestre zen falou para ele: “Isso é o céu, isso é o paraíso”. Isso nos mostra que o céu e o inferno não estão muito distantes. Em essência, céu e inferno significa simplesmente onde estamos com a mente focada, que direção damos à mente.



No caminho espiritual, tudo depende da nossa “fome”. Quando estamos com muita fome, comemos muito para satisfazê-la. Da mesma maneira, o progresso no caminho espiritual depende da nossa diligência, depende da nossa fome. Quanto mais diligentes formos, quanto mais focarmos a mente de maneira postiva, mais rapidamente progrediremos.



É comum nós culparmos os outros pelo nosso sofrimento. Pensamos, por exemplo: “Ah, casei, mas descobri que esse homem é muito ruim, por isso eu sofro tanto!” ou “Ah, casei e depois descobri que essa mulher é muito ruim, e por isso eu sofro tanto…”. Mas, na verdade, a causa do nosso sofrimento e das nossas dificuldades não são os outros, e sim, o nosso próprio carma, o carma que nós acumulamos pensamentos e ações.



Se temos uma vida muito boa, se somos ricos, isso não se dá porque somos inteligentes ou espertos, ou porque enganamos e roubamos os outros. Esse tipo de vida é fruto de bons pensamentos e boas ações, é fruto do nosso carma positivo.



A experiência de felicidade e a experiencia de tristeza não são permanentes, elas podem mudar a qualquer momento. Toda a experiência tem uma natureza impermanente. Se agora está tudo bem, isso pode mudar a qualquer momento. Se estamos passando por um momento de grande dificuldade, esse momento também pode mudar. A mente e os pensamentos mudam o tempo todo, por isso as experiências mudam o tempo todo.



Se estamos sofrendo muito, não precisamos ficar lamentando, batendo a cabeça na parede, deixando-nos dominar pelas emoções, pelas emoções que surgem com as dificuldades. Porque quanto mais nos focarmos no sofrimento, quanto mais nos focarmos nas dificuldades, mais eles se multiplicam. Agindo assim, damos poder a essas dificuldades. Mas se paramos para pensar e reconhecemos que aquele sofrimento é fruto de carma negativo, podemos então buscar um método para purificar o carma e transformar essa experiência. Isso é possível não somente no budismo, mas em todas as tradições religiosas.



Há uma história de um grande erudito e praticante do budismo, chamado Asanga. Ele fez retiro por 12 anos e, no retiro, fazia prática do Buda Maitreia. Por 12 anos ele não obteve nenhum sinal dessa prática. Então resolveu sair do retiro depois desse período porque ele não conseguia ter nenhum sinal bom de realização da prática.



Quando estava deixando o retiro, caminhando, ele viu um cachorro muito doente se arrastando, com a metade do corpo cheio de ferida. Asanga chegou perto para tentar ajudar, e o cachorro estava sofrendo tanto que, quando Asanga chegou perto, o cachorro começou a rosnar para ele.



Ao ver aquilo, Asanga pensou: “Como está sofrendo esse cachorro!”. Ele teve compaixão e quis ajudar aquele animal. Viu que o animal estava cheio de feridas, e que dentro das feridas, estava cheio de larvas. Asanga pensou em limpar aquelas feridas, mas pensou: “Se limpo as feridas com a minha mão, vou matar aquelas larvas. Vou ajudar o cachorro mas vou matar outros seres”. Então ele pensou que, se ele limpasse aquelas feridas com a língua, se ele a lambesse, ele conseguiria ajudar o cachorro e não mataria aquelas larvas. Mas só de pensar em fazer aquilo ele sentia aversão porque lamber uma ferida…



Ele pensou em fechar o olho, porque se ele fechasse o olho, se não visse o que estava fazendo, seria mais fácil. De olhos fechados, ele se abaixou em direção ao cachorro. Mas quando se abaixou, a língua dele tocou o chão. E ele abriu os olhos e o cachorro não estava mais ali.



Quando olhou para cima, Buda Maitréia estava na frente dele. Então olhou para o Buda Maitréia e falou: “Fiquei rezando a você, fazendo prática com você por doze anos. E você nunca surgiu para mim, você nunca me deu nenhum sinal!”. E Buda Maitreia disse: “Mas eu estive com você durante todos esses doze anos da sua prática. E ele começou a lembrar à Asanga:



“Lembra, nos primeiros anos, você fez retiro e, ao sair, viu um homem que estava polindo uma rocha com um pedaço de seda? Você perguntou para ele o que ele estava fazendo, e ele falou que estava tentando fazer uma agulha daquela rocha, polindo ela com a seda. E você não teve compaixão por aquele homem.”



“E depois, na segunda vez que saiu do retiro, Asanga, você viu um homem tentando destruir, desmanchar uma montanha com uma pena. Você perguntou para aquele homem o que ele estava fazendo. E o homem respondeu: ‘Porque esta montanha está criando sombra para a minha casa, eu quero removê-la para que eu tenha sol’. E você não sentiu compaixão por aquele homem”.



“Mas aquelas pessoas eram eu tentando fazer você ter compaixão. Isso eram sinais do seu retiro, mas você não reconheceu por causa dos seus obscurecimentos mentais. Quando, agora, vendo esse cachorro, você conseguiu ter compaixão, você conseguiu me ver, por causa da sua compaixão. A sua compaixão purificou os seus obscurecimentos”.



Portanto, prática espiritual não significa grandes coisas. Por exemplo, um momento de compaixão é suficiente para purificarmos obscurecimentos mentais. Portanto, não importa onde você está sentado, não importa onde você esteja, não importa o que você esteja fazendo, o mais importante é prática espiritual, é você procurar sempre ter bons pensamentos, sempre procurar produzir pensamentos positivos, trazer à tona essas qualidades que nós todos temos, como a compaixão, a paciência entre outras.

http://windhorse.chagdud.org/2011/03/motivacao-pura/

[Traduzido por Lama Sherab Drolma]

As quatro leis da India

Não sei se realmente são leis da India, não sei se a fonte é confiável mas achei legal. Poupa um monte de preocupações e acaba com muitas duvidas. Vou guardar na coleção.




As quatro leis da Índia:

A primeira diz: “A pessoa que vem é a pessoa certa“.

Nin...guém entra em nossas vidas por acaso. Todas as pessoas ao nosso redor, interagindo com a gente, têm algo para nos fazer aprender e avançar em cada situação.



A segunda lei diz: “Aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido“.

Nada, absolutamente nada do que acontece em nossas vidas poderia ter sido de outra forma. Mesmo o menor detalhe. Não há nenhum “se eu tivesse feito tal coisa…” ou “aconteceu que um outro…”. Não. O que aconteceu foi tudo o que poderia ter acontecido, e foi para aprendermos a lição e seguirmos em frente. Todas e cada uma das situações que acontecem em nossas vidas são perfeitas.

A terceira diz: “Toda vez que você iniciar é o momento certo“.


Tudo começa na hora certa, nem antes nem depois. Quando estamos prontos para iniciar algo novo em nossas vidas, é que as coisas acontecem.


E a quarta e última afirma: “Quando algo termina, ele termina“.

Simplesmente assim. Se algo acabou em nossas vidas é para a nossa evolução. Por isso, é melhor sair, ir em frente e se enriquecer com a experiência. Não é por acaso que estamos lendo este texto agora. Se ele vem à nossa vida hoje, é porque estamos preparados para entender que nenhum floco de neve cai no lugar errado.

6.02.2011

Desenvolvimento da afeição

[...] começando com uma atitude


De amor para todas as criaturas vivas,

Considere os seres, sem excluir nenhum,

Sofrendo nos três renascimentos ruins,

Sofrendo nascimento, morte e tudo mais.



A “atitude de amor” a que o texto se refere é a afeição que encara todos os seres vivos como amáveis. Quanto mais forte nossa afeição, mais facilmente surgirá a compaixão, e mais intensa e firme ela será. A compaixão pode surgir sem essa afeição, mas não será consistente. A menos que vejamos todos os seres vivos como próximos, queridos, atraentes e amáveis, não nos importaremos com o que acontecer a eles. Em vez disso, podemos até desejar mais sofrimento para quem não gostamos.



Essa afeição é a que uma mãe carinhosa sente por quem ela mais ama, a que uma pessoa sente por seu adorado animal de estimação, um sentimento caloroso que faz você querer abraçar, acariciar e dizer “que adorável!”.



No momento, nossos sentimentos de afeição são restritos àqueles de quem gostamos mas, mesmo assim, essa afeição desaparece rapidamente se as pessoas fazem algo contra nossos desejos. É uma tarefa árdua sentir afeição por todos os seres vivos. Isso não acontece naturalmente; é por isso que precisamos nos treinar para vê-los de uma nova maneira.



Geshe Sonam Rinchen

“Atisha’s Lamp For The Path to Enlightenment”

(Dharma Quote of The Week – Snow Lion, 24/11/10)

Fonte: http://samsara.blog.br/2011/06/desenvolvimento-da-afeicao/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+samsarablog+%28Samsara%29&utm_content=Yahoo%21+Mail