"percebi que não era nada-menos que nada. Foi então que comecei a escrever. Lançando tudo ao mar, mesmo aqueles que amava. No momento em que ouvi minha própria voz, fiquei encantado: o fato de ser uma voz isolada, distinta, única, me deu alento. Não importava se o que escrevia pudesse ser considerado ruim. Bom e ruim saíram do meu vocabulário. Pulei com os dois pés no reino da estética. Minha vida em si se tornou uma obra de arte. Encontrara uma voz, estava de novo inteiro. Meu enorme fracasso fora a recapitulação da experiência da raça: tinha que me entupir de conhecimento, perceber a futilidade de tudo, destruir tudo, me tornar desesperado, a seguir humilde, e depois me apagar inteiramente, como os iniciados do Zen. Tinha que chegar na borda do abismo e dar um salto no escuro."
Este texto foi escrito por Henry Miller, quem conhece a história dele sabe a dureza que ele enfrentou até conseguir escrever. Então aí está descrito o momento da virada, do estalo que aconteceu para a escrita fluir.
Um comentário:
Legal isso. Saltar com os dois pés no reino da estética. Te falei do texto do Paul Auster dizendo pq ele era uma decepção pro pai dele, né? Vou procurar o endereço do blog daí te mando. Bj.
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